quarta-feira, 2 de setembro de 2009


Detesto os defensores do politicamente correto



Falecido em 21 de dezembro de 1980, aos 68 anos, em decorrência de um edema pulmorar, o jornalista, escritor e dramaturgo carioca (embora nascido no Recife) Nelson Rodrigues faz falta nestes tempos de imoralidade política e cultura do politicamente correto. Reacionário para a esquerda e pornográfico para os conservadores, o torcedor nº 1 do Fluminense desdenharia, por exemplo, um negro que pedisse para ser chamado de afrodescendente e o avanço das leis antitabagistas.

Defensores do politicamente correto (algo surgido na década de 70 nos EUA e que, depois de ser discutido nos 80 na Europa, se expandiu para a periferia) pretendem tornar a linguagem mais neutra e menos preconceituosa para certas pessoas ou determinados grupos sociais. Na teoria, tudo bem. Na prática, extingue o humor das relações sociais e tenta transformar todos num bando de escoteiros.

Frasista exímio, o mestre Nelson Rodrigues escreveu: “Invejo a burrice, porque é eterna”. Lembro disso toda vez que ouço alguém chamar um velho de “pessoa da melhor idade” (sobretudo, na fila de embarque do avião) e, recentemente, me aconselharam a trocar funcionário público por “servidor público”. O argumento é de que ele serve mais ao público do que ao Estado. Dei risada.

Também já me falaram que o termo homossexualismo deve ser evitado, pois possui uma carga pejorativa (o sufixo ismo associaria o homossexual a uma doença). A palavra “homossexualidade” seria a adequada por ser neutra. Como prefiro chamar homossexual de gay... Do jeito que as coisas vão, qualquer dia vão querer me obrigar a chamar anão de sujeito “verticalmente prejudicado”. Aliás, adoraria ver a o espetáculo infantil Branca de Neve e os sete verticalmente comprometidos.

Texto "clonado" do BLOG PopHead do Hagamenon Brito, publicado às quartas no Jornal Correio da Bahia


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